Pinturas de personalidades brasileiras dão vida às salas de aulas de Rio das Ostras

 

Semana da Integração reuniu artistas visuais e designers na Escola Municipal Padre José Dilson Dórea

Aproximar alunos e professores. Este é objetivo da Semana da Integração promovida pela Escola Municipal Padre José Dílson Dórea que, em sua terceira edição, reúne artistas visuais e designers para registrar nas salas de aulas os rostos de personalidades importantes eleitas pelos próprios estudantes. Aos poucos foram surgindo os rostos de Elis Regina, considerada pelos críticos como uma das melhores cantoras do Brasil, o educador Paulo Freire e a psiquiatra Nise da Silveira, que revolucionou o tratamento de saúde mental no Brasil. A jogadora Marta, o cantor Crioulo, Zumbi e Dandara também foram escolhidos.

 

A ideia surgiu quando a professora de Educação Artística, Luciana Carvalho, foi convidada para promover uma oficina durante a Semana da Integração, que acontece nesta escola uma vez por ano com o objetivo promover o sentimento de pertencimento do aluno à escola, acompanhando seus professores realizando atividades fora de sala de aula.

 

“Pesquisando na internet uma atividade para desenvolver durante esta semana e descobri que Guarulhos fez um projeto parecido. Todas personalidades foram escolhidas pelos próprios alunos. Não interferimos em nada. Fizeram uma lista de brasileiros que eles consideram importantes. Os artistas escolheram o que seria desenhado. Uma escolha conjunta. A arte muda o comportamento, gera disciplina, zelo, forma identidade com o local e promove o cuidado e preservação da escola”, contou Luciana.

 

“São 56 professores e quase 660 alunos que, por uma semana, abrem mão da grade curricular tradicional para viverem novas experiências juntos. A presença dos artistas e a pintura destas pessoas estão levantando várias questões importantes porque, de alguma forma, expressam algo importantes para eles”, disse a diretora Maria de Lourdes Zanaide.

 

Para a aluna Vitória Costa, o projeto possibilta “dar luz a mulheres, negros, nordestinos, professores, cientistas. Pessoas que deram voz e encorajaram muita gente para mudar o mundo, o jeito de pensar e ver as coisas”.

 

Na opinião da estudante Raíssa Almeida, mudar a rotina da escola é muito importante. “A escola algumas vezes não é um ambiente muito receptivo, e sair desta rotina faz a gente olhar o professor de uma forma diferente. Por isso a Semana da Integração é tão importante para que a gente fortaleça nossos laços. Percebemos que os professores são pessoas normais que sabem desenvolver outras atividades”, contou.

 

Daniel Viega é designer e conheceu a Escola Padre José Dilson durante a Feira de Literatura e Cultura de Rio das Ostras (Flic). Para ele, é um momento oportuno falar de Paulo Freire. “Vim pela primeira vez aqui durante a Flic e achei intrigante um evento tão bacana ser realizado dentro de uma unidade escolar instalada numa comunidade da periferia. Quando soube da Semana da Integração e do projeto de desenhar personalidades nas paredes das salas de aula me coloquei imediatamente à disposição. E deixar o rosto do Paulo Freire, neste momento, é algo com um significado muito maior”, enfatizou.

 

Na parte externa da escola, o muro ganhou vida com a pintura de painéis. Por dentro e por fora, os espaços tiveram as paredes frias e com riscos substituídos por arte.

 

INTEGRAÇÃO –  A Semana da Integração está na sua terceira edição. Durante uma semana, as aulas acontecem de forma diferente. Professores desenvolvem atividades paralelas nos dois turnos. Este ano, além das pinturas nas paredes, os alunos participaram de oficinas de altinha e teatro, sarau, roda de capoeira, rapel, Festival de Talentos com apresentações de arte, maquiagem, corte de cabelo, campeonato de Xadrez, entre outros.

 

Na avalição do diretor adjunto, Gilberlan Cruz Souza, o comportamento tem uma transformação muito positiva. “A gente percebe que o zelo pela escola aumenta, ficam mais disciplinados e formam identidade”, relatou.

 

Para o artista Junior Popai, realizar intervenções em lugares públicos é acreditar na transformação social. “Gosto muito de fazer intervenções na escola, contribuir fazendo arte com quem mais precisa”, disse.

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Ronet

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