Dança contribui para a recuperação de pessoas com dificuldades neurológicas
Secretaria de Saúde de Rio das Ostras aplica técnica em pacientes vítimas de AVC, Traumatismo Craniano e Mal de Parkinson
Mais uma alternativa à recuperação de pessoas com dificuldades de coordenação motora devido a doenças como Mal de Parkinson, Acidente Vascular Cerebral e traumatismo craniano está mostrando resultados significativos em Rio das Ostras, desde 2006. Trata-se da Dança Sênior, promovida no Centro de Reabilitação da Secretaria de Saúde. Por meio de músicas folclóricas regionais, os pacientes são incentivados a praticar movimentos de lateralidade das pernas, braços, cabeça e mãos, conforme o ritmo. Eles ainda improvisam letras e palavras de comando, trabalhando a voz em cima da melodia.
“Muitos chegam de muletas, cadeira de rodas, bengala e depois de algum tempo praticando a Dança deixam de utilizar esses meios para se locomover. Alguns com dificuldades de fala têm vergonha de se expressar, mas em pouco tempo conseguem superar essa limitação. E o fator preponderante nisso é a força de vontade dessas pessoas”, observa a assistente social e instrutora de Dança Sênior, Rosita Borges.
O pedreiro Manoel Carlos Martins, de 44 anos, foi atropelado há três anos. O acidente fez com que ele perdesse parte da massa encefálica e ficasse 30 dias em coma. Ao receber alta, continuou recebendo atendimento de saúde domiciliar, até poder frequentar o Centro de Reabilitação da Secretaria de Saúde para fazer fisioterapia. Há cerca de dois anos, foi encaminhado para a Dança Sênior. “Para mim está sendo ótimo frequentar esse grupo porque percebo que aqui eu consigo me desenvolver, interagir com as pessoas e coordenar melhor meus movimentos. A Dança ajudou a melhorar muito meu estado de saúde. Conto os dias para chegar a hora de participar da aula”.
DANÇA SÊNIOR – De acordo com o Instituto Bethesda, difusor da Dança Sênior no País, o movimento estimula a motricidade dos músculos e a mobilidade das articulações, proporcionando uma melhor coordenação motora e maior segurança por conta do domínio do corpo. O Instituto explica ainda que a respiração estimulada e a circulação sangüínea intensificada favorecem uma melhor oxigenação e irrigação das células, prevenindo problemas cardiovasculares. Além disso, a memorização de passos e figuras e o constante treino da coordenação motora desenvolvem a capacidade cognitiva, evitando assim o desgaste precoce do reflexo mental, permitindo a manutenção da capacidade intelectual.
A terapeuta ocupacional Fabíola Tinoco diz que antes de ingressar na Dança Sênior os pacientes são avaliados por uma equipe multidisciplinar. “Aqueles que têm mais dificuldades de locomoção, a Secretaria de Saúde cede transporte para buscá-los e levá-los até o Centro de Reabilitação”, informa. Segundo ela, há uma rotatividade muito grande de pessoas no grupo, pois a Dança Sênior é como uma “porta de saída” para o fim do tratamento de saúde. Depois, muitos deles são encaminhados para participar do projeto Feliz Idade, da Secretaria de Bem-Estar Social. “Ali também praticam a Dança Sênior, com o objetivo principal de continuar interagindo. A música desperta o sentimento de afetividade e interação. Eles se emocionam ao conseguir realizar um movimento”, declara a terapeuta Fabíola.
Carlos Estevão, de 65 anos, é ex-caminhoneiro. Há dois anos sofreu um Acidente Vascular Cerebral, que provocou a perda da sensibilidade e a coordenação motora em parte do corpo. “A Dança Sênior representou muito na minha vida. É muito prazeroso fazer os exercícios e conviver com pessoas que têm as mesmas dificuldades que a gente”.
ARTESANATO – No início de setembro, Carlos Estevão e alguns outros integrantes do grupo de Dança Sênior foram convidados a frequentar as aulas de artesanatos em cerâmica e papel reciclado oferecidas pela Fundição Escola de Artes e Ofícios da Fundação Rio das Ostras de Cultura. O objetivo é avaliar e validar o trabalho de terapia ocupacional, tendo em vista uma pesquisa do psiquiatra Marcelo Fleck sobre Instrumentos de Avaliação de Qualidade de Vida Breve. Além disso, as técnicas responsáveis pela Dança querem incentivar ainda mais a autoestima dos participantes, promovendo exposição das peças fabricadas e mostrando que é possível incluir a arte nas atividades da vida.
FONTE:
Secretaria de Comunicação Social
Departamento de Jornalismo