Unidades escolares de Rio das Ostras promovem reflexões sobre africanidade
Desde o início do mês de novembro alunos e professores das escolas municipais se debruçam sobre a temática da africanidade com o objetivo de promover a reflexão e o resgate da identidade negra. O objetivo é valorizar a cultura dos afro-descendentes, tanto na escola quanto fora dela.
Nesta quinta-feira, 21, e sexta, 22, acontece a culminância do projeto “Semana da Consciência Negra”, do Instituto Municipal de Educação de Rio das Ostras – Imero, em Nova Cidade. Segundo o professor Jonathan Mendonça, quem é negro já se sentiu discriminado em algum momento. E, essa disparidade entre brancos e negros na sociedade brasileira se apoia em números que comprovam isso. Segundo o professor, 70% dos jovens negros tem mais chances de morrer que jovens brancos e a maior parte da população carcerária é negra, por exemplo.
“Como o Brasil foi colonizado por europeus tendemos a nos referenciar na Europa, mas as diversas culturas africanas e indígenas foram fundamentais para a formação do povo brasileiro. Isso se expressa no nosso vocabulário e na música”, relatou sobre a formação sócio histórica do país.
O professor citou ainda que o trabalho cumpre a lei 10.639, de 2003, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos das redes de ensino e a lei 11.645, que trata da obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena’. “Vimos claramente a necessidade de trabalhar este tema como forma de mobilizar os servidores e os alunos para que façamos esse debate de modo a fortalecer essas crianças que muitas vezes são marginalizadas, fazer com que se sintam bem consigo mesmos”, afirmou.
Os espaços da escola estão compostos com exposições de fotos e máscaras africanas, mosaicos e pinturas com pessoas negras, dentre outras atividades desenvolvidas pelos alunos, professores e parceiros externos a escola. “Convidamos outros parceiros, que já fazem a discussão no movimento negro, para trazer esse debate. Por exemplo, teremos uma cabeleireira, um percussionista, que falará sobre o samba e uma escritora, que conversará sobre a literatura negra. Já fizemos oficinas de turbante e capoeira durante essa semana”, citou.
CONSCIÊNCIA HUMANA – Outras unidades escolares também desenvolveram a temática. A releitura da peça teatral “Vista a minha cor, sinta a minha dor”, encenada pelos alunos do 7° ano da Escola Rosângela Duarte Faria, na Feira da Linguagens, foi outro exemplo do trabalho de atenção à situação do negro na sociedade brasileira. De acordo com o professor de Língua Portuguesa, Alexandre Veloso, foram 35 alunos envolvidos na adaptação do roteiro, na construção do cenário e dos figurinos.
Ao longo de cinco semanas puderam descobrir, na prática, como é produzida uma peça teatral. “Com a construção desse trabalho os alunos ficaram mais motivados a ler e pesquisar. E entenderam que a aula de Língua Portuguesa não se resume a gramática. Usamos a transdisciplinaridade e tratamos de diversos temas como racismo, bullying, depressão, suicídio e empatia”, afirmou.
Para o aluno Eduardo Quintanilha, que participou de todo esse processo, independente da cor da sua pele ou estilo de vida, temos que nos respeitar porque somos da mesma raça. “Eu, particularmente, praticava sim o bullying e, depois da peça, não faço mais isso. Quero deixar os outros felizes”, comentou o aluno. “Devemos pensar mais no próximo, se colocar na ‘pele’ do outro”, sentenciou a aluna Ana Clara Carvalho.
FONTE: ASCOMTI – PMRO.