Seca prejudica produtores rurais de Rio das Ostras
Rio Jundiá, que corta a localidade de Cantagalo, está praticamente seco entre a nascente e a área de maior produção agrícola do Município
A exemplo do que acontece em boa parte da região Sudeste, com reflexos no interior do Rio de Janeiro, centenas de produtores rurais de Cantagalo, Região Rural de Rio das Ostras, também sofrem com a seca e a escassez de água. O Rio Jundiá, que corta a localidade e que representa a principal fonte de água para irrigação das lavouras e consumo dos animais, está praticamente seco.
O Jundiá, que nasce na Serra do Pote, na região de Cantagalo, está praticamente sem água no trecho que compreende a nascente até a sua união com o Rio Iriry, nas imediações da Estrada do Contorno, já na área urbana do Município. Os dois rios juntos formam o Rio das Ostras.
A falta de chuva é apontada pelos produtores rurais como o principal problema da quebra na produção agrícola e leiteira. No ano passado eram esperados 1200 mm de chuva em Cantagalo, sendo que a quantidade de água não passou dos 600 mm. Dos cerca de 80 produtores cadastrados na Secretaria do Ambiente, Sustentabilidade, Agricultura e Pesca, que anualmente cultivam feijão e, na rotação de culturas, plantam milho em Cantagalo, apenas 40 apostaram na cultura e tiveram prejuízos com a escassez de água.
A produtora Clélia Lúcia de Melo cultiva feijão, abóboras, melancias e ainda cria alguns animais entre bois e cavalos. Este ano, ela se diz assustada com o clima e a falta de chuvas. “Durante os 12 anos que estou aqui em Cantagalo, nunca passei por um período tão seco quanto esse. Se continuar assim, daqui há algum tempo não teremos água nem para o consumo da família”, disse preocupada.
A produtora plantou um hectare de milho no início de novembro do ano passado e acabou perdendo toda a lavoura. Um prejuízo estimado em mais de uma tonelada de milho. Ela também perdeu a plantação de abóboras e melancia e solicitou apoio da Prefeitura. Para amenizar as dificuldades dos pequenos produtores, a Secretaria do Ambiente, Sustentabilidade, Agricultura e Pesca de Rio das Ostras disponibilizou máquinas e mão de obra para a abertura de bebedouros para os animais, principalmente bois e vacas. A falta de chuvas já compromete preparação da terra para a plantação de feijão este ano, com previsão de começar no mês de abril.
QUEBRA NA PRODUÇÃO – Em 2013, Rio das Ostras chegou a ter cerca de 100 produtores rurais produzindo milho, com uma estimativa de 250 toneladas de grãos, em 100 hectares de área cultivada. A produção caiu pela metade em 2014 e esse ano, devido à seca, praticamente não haverá produção significativa de milho.
O produtor de uvas Márcio Bernardino também precisou se adequar às dificuldades impostas pelo clima mais seco e a falta de chuvas. Ele acreditou na produção em escala comercial e plantou 250 pés da fruta em 1 hectare de sua propriedade. Os primeiros resultados foram bastante favoráveis, com a retirada de aproximadamente 500 quilos de uvas da espécie Niágara Rosada.
A seca foi um fator que determinou a falta de novos investimentos na área. “No final do ano passado eu tinha a previsão de plantar outras frutas como figo. Porém, a dificuldade em conseguir água para irrigação me fez repensar o trabalho”, comenta o produtor, destacando que mantém sua plantação de uvas irrigada com a água do poço que ele possui em sua propriedade.
FONTE:
Departamento de Jornalismo