Rio das Ostras resgata a cultura do povo que viveu há mais de 3 mil anos na cidade
Com o objetivo de resgatar a cultura pré-histórica da cidade, a Prefeitura de Rio das Ostras convidou o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) para voltar ao Sambaqui da Tarioba.
– Um dente com estas mesmas características foi encontrado no sítio arqueológico de São Pedro da Aldeia e isso pode comprovar a existência de uma troca cultural entre os dois grupos – afirma a arqueóloga e museóloga Denise Chamum, que coordena a equipe do IAB em Rio das Ostras.
Segundo Denise, é importante que todo terreno, localizado atrás do museu e adquirido pela Fundação Rio das Ostras de Cultura para ampliação do prédio, seja pesquisado pelos arqueólogos.
– Costumo dizer que a gente precisa virar o livro página por página para conhecer toda a história. Para resgatar a história do povo sambaquiano que vivia em Rio das Ostras é indispensável fazer a escavação de toda a área – explica Denise.
O IAB começou a realizar estudos arqueológicos no novo terreno em março de 2006 e o material coletado foi encaminhado ao instituto para estudo, identificação e datação. O primeiro relatório apontou que o terreno é uma continuação do sambaqui e tem a sua mesma datação, entre 3.300 e 3.620 anos. No local já foram encontrados fragmentos de ossos humanos e animais, restos de fossas culinárias, fogueiras e pontas de flechas.
– Estamos concluindo uma nova etapa da pesquisa arqueológica e retornaremos ao instituto para analisar o material coletado. Nossa intenção é voltar para novas escavações e esgotar todo o terreno – revela Denise, autora do livro "Arqueologia e Memória – O Caso da Musealização do Sambaqui da Tarioba".
Responsável pela concepção museológica e montagem da exposição permanente do Sambaqui da Tarioba, Denise está trabalhando nas escavações com mais quatro profissionais do IAB. São eles o técnico de arqueologia Juber de Decco, a historiadora com especialização em Arqueologia, Beatriz Ramos da Costa, e o auxiliar técnico Fábio Francisco de Souza.
Museu tem finalidade didática
Inaugurado no dia 23 de abril de 1999, o Museu Sambaqui da Tarioba foi criado graças a uma parceria entre o Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) e a Prefeitura de Rio das Ostras, através da Fundação Rio das Ostras de Cultura. O museu tem uma finalidade didática, com alguns ossos expostos exatamente no local e posição em que foram encontrados. O busto de um sambaquiano, que recebeu o nome de Zé da Tarioba, foi reconstituído pela artista plástica Clara Arthaud e ganhou um lugar de destaque no acervo.
–Trata-se do único homem pré-histórico reconstituído no Brasil. A Luzia, que está em exposição no Museu Histórico Nacional, foi reconstituída segundo padrões científicos. O Zé da Tarioba tem como diferencial a sensibilidade da artista plástica que realizou o trabalho – explica a arqueóloga Denise Chamum.
Uma maquete assinada pelo artista plástico Roberto Sá, autor da escultura da Jubarte que é atração na Praça da Baleia, em Costazul, mostra a cultura e o habitat dos sambaquianos de Rio das Ostras. Escavações em diferentes profundidades, com iluminação adequada, e ossos mantidos exatamente no local em que foram encontrados lembram aos visitantes que estão dentro de um sítio arqueológico.
Além de ossos, utensílios e ferramentas pré-históricas, o Museu Sambaqui da Tarioba expõe também peças e objetos históricos localizados nos outros sítios demarcados pela IAB em Rio das Ostras. A pesquisa e o registro desses sítios foram realizados há três anos a pedido da Fundação Rio das Ostras de Cultura, com o objetivo de resgatar e preservar a memória do município.
Todos os sítios registrados estão localizados em Cantagalo, região rural de Rio das Ostras. São quatro sítios históricos (Jaqueira, Casa de Pedra, Casa Rosa e Pasto do Cemitério), nos quais foram coletados pedaços de telhas, tijolos, vidros e louças, e um pré-histórico (Massangana).
FONTE: SECOM – PMRO.